Castelo de Alpalhão

 
"Sem vestígios evidentes confirmados no seio do povoado que o absorveu, e em contraste com a memória das imagens que Duarte d'Armas nos legou, o Castelo de Alpalhão parece perdido na bruma do tempo. (...)
Os desenhos de 1509 de Duarte d'Armas são de uma força e beleza tal que nos encorajam a tentar identificar a antiga implantação e o traçado no terreno deste pequeno castelo de planície. Isso iria valorizar a antiga vila medieval e repor a identidade perdida. A definição rigorosa do sítio exige o estudo das paredes das casas antigas situadas em torno do local a investigar e sondagens nos seus quintais. Haverá, estamos certos, vestígios materiais dos muros do recinto no tecido da malha urbana da antiga vila (...). Numa época em que se começa a generalizar a importância da memória histórica dos aglomerados, é oportuno fazer um esforço para que Alpalhão tire partido dessa mais-valia. (...)
Onde se situaria?

"Caminhando ao longo da Rua do Castelo, que nasce perto da Igreja Matriz, podemos localizar a entrada para o interior do quarteirão (espaço que, possivelmente, delimita a antiga fortificação). Esta faz-se pelo acesso que nos conduz à Torre do Relógio. Subindo ao alto da torre é visível em seu redor o espaço livre dos quintais das casas. É aqui que devemos procurar vestígios que nos ajudem a localizar o espaço correspondente ao terreiro interior do castelo medieval. Ao correr do olhar não há nada que chame em especial a atenção e possa ser identificado seguramente como elemento construtivo da fortificação. O embasamento sobrelevado da torre terá pertencido ao castelo (...).
Alpalhão, a par de Salvaterra do Extremo, são casos únicos de esquecimento e perda de memória do património construído. Não estamos certos que no séc. XIX fossem ainda visíveis as ruínas mas em 1758 o vigário afirmava que, à excepção de uma parede, o castelo medieval estava em razoáveis condições de conservação. Um texto de 1874, escrito por Pinho Leal, indica que (o castelo e os muros) estão completamente desmantelados. (...)
Os desenhos de 1509 representam um castelo de forma quadrada, guarnecido com uma torre de menagem de secção também quadrada. A ausência de ameias nos muros é tão regular que deve corresponder a uma intenção de beneficiar o sistema defensivo. A existência tão profusa de troneiras de uma forma que faz lembrar o Castelo de Vimioso é, aliás, um sinal de que havia uma preocupação de manter a fortificação em condições de se defender."
Lobo, Francisco Sousa in "Arquitectura e Vida" Janeiro 2004
 
"Erguido em 1300, no reinado de D. Dinis esta fortaleza tinha uma forma rectangular, quase quadrada, tendo no ângulo de sudoeste a Torre de Menagem, também rectangular, com doze varas de altura e três andares ou pavimentos. Em cada um dos restantes ângulos tinha um Cubelo de forma circular, abobadado, com a altura de oito varas. A espessura dos muros laterais era de uma vara e um pé, sendo a sua altura de cinco varas. A Torre de Menagem comunicava com os aposentos sobradados, destinados à residência do Alcaide. Nessa Torre, nos Cubelos e em volta dos muros havia um grande número de Troneiras ou Bombardeiros, que eram aberturas por onde, nas horas de luta, se disparavam os tiros de artilharia.
Em volta da fortaleza acumulava-se, a nascente, sul e poente, o casario da povoação. A norte, erguia-se a Igreja, de estilo românico no local onde está a actual Matriz.
No reinado de D. João III o castelo apresentava «bom aspecto e bom aposentamento».
D. João IV mandou guarnecer a vila de muralhas que foram concluídas no reinado de D. Afonso VI, em 1660.
Tanto o Castelo como as muralhas, foram destruídos em Junho de 1704 durante a Guerra da Sucessão, pelo exército Franco-Espanhol, comandado pelo Duque de Berwick e por Filipe V de Espanha, quando se dirigia de Castelo Branco para Portalegre."


Canatário, Jerónimo M. in "AL PALH'AM - História e Património"






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