Casamento – O Descante

"O casamento era uma cerimónia familiar muito importante, pois o pecúlio de anos de intenso trabalho, destinava-se para o «enxoval» e para a «função».

A festa começava uma semana antes com o «encher da enxerga» (normalmente feita pelos solteiros) e continuava na véspera (jantar) no dia do casamento e dia seguinte.

O «descante» é um costume de Alpalhão e que tem passado de geração em geração, perdendo-se a sua origem no tempo:

No dia do enlace matrimonial e após o casal ter jantado em casa dos pais da noiva, vai pernoitar para a sua casa. Decorridas algumas horas todos os convidados se dirigem para o local onde pernoitam os nubentes e dirigem-lhes votos de felicidade cantando:

I

«Já hoje foste à igreja
Puseste a mão em cruz
Deus te faça bem casada
Como a Virgem com Jesus

II

Venho dos lados do norte
Só para visitar o luar
Deus te dê tanta sorte
Como para mim deseja

III

Ó noiva já casaste
Deixaste de ser donzela
Já entraste na tapada
Só por morte sais dela

IV

Olha lá tu ó noivo
À tua porta te digo
Trata bem tua mulher
Se te queres dar bem comigo

V

Está o noivo com a noiva
Sentados numa cadeirinha
Diz o noivo p'ra noiva
Agora já és minha

VI

Ó noivo
Não digo mais nada
Levanta-te, traz o vinho
O pão e a carne assada»

Como se vê o «descante» começa, dirigindo-se o cantador/cantadeira à noiva e, em 2º lugar, ao noivo. O termo verifica-se, normalmente, solicitando a carne assada ao noivo (o noivo traz carne assada, vinho e pão para entregar aos convidados após o descante, sem o que ninguém arreda pé)".

Canatário, Jerónimo M. in ALPALH'AM - História e Património

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