ALPALHÃO MARIANO
O feriado de 15 de agosto passa
ao lado de muitos. “É feriado?” perguntam os que gozam das férias. “Mas é
feriado porquê?” perguntam os que nada se importam com a religião católica. Pois
bem, é feriado porque se celebra a Assunção de Nossa Senhora, comemora-se a
subida da Virgem Maria aos céus, “de corpo e alma” (Munificentissimus Deus, Pio XII), é um feriado mariano tal como o
de oito de dezembro.
Ora, haverá data mais oportuna do
que esta para falar do marianismo que se vive em Alpalhão?
Alpalhão recebe, logo nas suas
remotas origens, uma forte ligação ao culto mariano. A Ordem do Templo, a quem
segundo alguns estudiosos foram doadas estas terras entre Figueiró e Sôr,
possuía uma vincada devoção à Virgem Maria tal como a Ordem de Cristo, que
herda no séc. XIV todos os territórios dos Templários e, consequentemente, o
então Alpalham.
É sabido que nem todas as origens
se mantêm, todavia, esta manteve-se e ainda hoje não há devoção maior na vila
de Alpalhão do que aquela que é feita à Mãe de Cristo.
Além da Rua de Santa Maria,
encontram-se outros vestígios físicos que podem comprovar toda esta mariologia
alpalhoeira. De entre os seis templos existentes na vila, dois são dedicados à
Virgem Maria (isto esquecendo a Capela de Nossa Senhora das Virtudes outrora
existente no Vale da Bexiga) e é destes dois que surge uma das maiores provas
espirituais do marianismo alpalhoeiro. Falo, como é óbvio, do culto à Nossa
Senhora da Redonda.
A devoção da população a esta
pequena imagem é a prova maior de que os alpalhoeiros são gente com fé.
Contudo, é também esta enorme devoção que dá origem a um dos maiores equívocos
existente em Alpalhão. Afinal, quem é a padroeira da vila? Que é a Virgem
Maria, nisso todos acertam, mas no nome a atribuir-lhe já nem todos conseguem.
As imagens são idênticas mas ao
mesmo tempo muito diferentes, principalmente no tamanho. Uma será das imagens
mais pequenas e valiosas da paróquia, e a outra das maiores e mais esquecida.
Atualmente estão as duas na igreja matriz bem próximas uma da outra. Mas
enquanto uma recebe sistematicamente as graças e as súplicas dos devotos
alpalhoeiros a outra passa despercebida, apesar de entronizar e designar o
templo. Sim, a igreja matriz de Alpalhão é denominada por “Igreja Matriz de
Nossa Senhora da Graça” e é ela a padroeira da vila nomeando a paróquia com o
seu nome (Paróquia de Nossa Senhora da Graça - Alpalhão).
Se há alguma festa à padroeira?
Não, actualmente não. Tempos houve em que a imagem se inseria na procissão
realizada pelo São João e saía à rua.
Se hoje quisermos encontrar
mostras de culto e devoção à padroeira basta-nos acorrer ao santuário da
Senhora da Redonda nos dias da sua festa ou pedir a um alpalhoeiro que nos fale
dessa virgem. Apesar de não ser a padroeira é nela que têm mais devoção e, ao
fim ao cabo, só muda o nome, a Senhora é
a mesma.
Chamando-lhe “Senhora da Redonda”,
é assim que os alpalhoeiros encontram mais fé e, é de tal modo grande essa mesma
fé, que adotaram o hino dedicado à Virgem como hino de Alpalhão. Um hino que os
arrepia, os emociona e os faz orgulhar-se da terra onde nasceram. Um hino que é
a prova maior de que Alpalhão é mariano (ver imagem).